segunda-feira, 14 de maio de 2012

Como o St. Pauli se tornou o time mais simpático do planeta


Não é novidade que a maioria dos clubes europeus de futebol tomam conta da imprensa esportiva devido ao desempenho dentro de campo. É o caso dos gigantes Barcelona, Manchester United e Milan, que estão sempre na vitrine de jornais e programas do segmento. Entretanto, uma tímida equipe vem chamado a atenção há alguns anos – e não é pelo futebol apresentado.

O Fußball-Club Sankt Pauli von 1910 ou simplesmente St. Pauli, equipe que disputa atualmente a 2. Bundesliga (segunda divisão alemã). A alternatividade da equipe de Hamburgo já começa pelo uniforme: branco com listras marrons. Nos anos 80, a transferência da sede para Reeperbahn, bairro conhecido por concentrar bares e casas noturnas, foi o marco para transformar o St. Pauli em um clube extravagante. Mesmo que o símbolo oficial seja a igreja homônima ao time, o mascote adotado pelos torcedores foi a caveira com ossos atravessados, o que representa a principais ideologias dos adeptos: liberdade e independência. Em uma nação aterrorizada pelo nazismo, os “piratas da Liga” foram os pioneiros a banir ingressos para torcedores da extrema-direita. No amplificador do Millerntor-Stadion, ícones do rock n’ roll e do punk prenunciam a preferência musical de quem acompanha as partidas in loco.

Essa diversidade cultural conquistou a simpatia de grupos de todo o planeta que protestam contra o nazismo, o racismo e a homofobia, garantindo uma margem superior a 500 fãs clubes espalhados pelo planeta. E não é que a paixão é recíproca? O clube utilizou figuras típicas da arquibancada como garotos-propaganda no lançamento dos uniformes da temporada passada.

O St. Pauli chegou a comemorar o seu centenário na elite do futebol alemão, mas amargou a queda para a série B no mesmo ano. O futebol pode não ser dos melhores, em compensação os piratas são campeões quando o assunto é alternatividade.

(Ah, O St Pauli é arquirrival do Hamburgo, equipe que perdeu o Mundial de Clubes para o Grêmio em 1983. Adivinha qual foi o uniforme reserva que eles bolaram em 1996, ano seguinte à nova participação do clube gaúcho na competição intercontinental?) Mas pra não desmerecer o esporte em si, aí vai uma lição de honestidade: o jogador Marbus Ebbers marcou um gol usando a mão, que não foi anulado pela arbitragem. Enquanto os companheiros comemoravam e os adversários contestavam, o próprio atleta foi até o juiz e confessou a irregularidade. Esse gesto a gente não vê a todo instante, não é mesmo?
 


Fotos: Reuters, Classicfootballshirts


Até a próxima, pessoal!
Lucas Padilha - Jornalista