sexta-feira, 11 de maio de 2012


Os vencedores

        Letras de música, como poesias, têm a função de traduzir a vida. A grosso modo, é isso. Pegue a Legião Urbana e disseque-a: lá está um pouco de tudo que sentimos, com maior ou menor intensidade, precisão e lirismo inigualáveis. Quando Renato Russo morreu, pensei que nenhum letrista do rock jamais me comoveria e que tudo, para todo o sempre, se resumiria ao barulho. Anos mais tarde, descobri Los Hermanos. Embora diferente, a banda viria a ser minha nova Legião. Continua sendo.
Neste momento, é importante que você esqueça “Ana Júlia”!
Los Hermanos foi bem além disso em seus quatro discos, do primeiro, barulhento, juvenil e de coração rasgado, ao último, dolorosamente maduro, assustadoramente belo. Entre um e outro, sobejam versos de amores e outros devaneios.
Uns anos atrás, quando conheci a fundo Los Hermanos, o infortúnio de uma paixão malograda me fez cantar a plenos pulmões:

“Tira esse azedume do meu peito
E, com respeito, trate minha dor;
Se, hoje, sem você, eu sofro tanto,
Tens, no meu pranto, a certeza de um amor”.
(Azedume, do álbum Los Hermanos)

Era perfeito para o que eu sentia. Precisão cirúrgica. Assim como em outra música, hino para um adolescente que se sentia inadequado nesse mundo cão:

“Olha só, que cara estranho que chegou
Parece não achar lugar
No corpo em que Deus lhe encarnou
Tropeça a cada quarteirão
Não mede a força que já tem
Exibe à frente o coração
Que não divide com ninguém”
(Cara Estranho, do álbum Ventura)

E depois e sempre, o mesmo questionamento:

“E se eu fosse o primeiro a voltar
Pra mudar o que eu fiz,
Quem então agora eu seria?”
(O Velho e o Moço, também do Ventura)

Mas talvez a maior de todas as colaborações da banda no quesito “tradução da vida” seja uma música sobre quem já não quer mais ser um vencedor, aquele vencedor da televisão, “que vence a luta sem suar e ganha aplausos sem querer”:


”Olha lá, quem vem do lado oposto
Vem sem gosto de viver
Olha lá, que os bravos são
Escravos sãos e salvos de sofrer
Olha lá, quem acha que perder
É ser menor na vida
Olha lá, quem sempre quer vitória
E perde a glória de chorar
Eu que já não quero mais ser um vencedor
Levo a vida devagar pra não faltar amor”
(O Vencedor, mais uma do Ventura)

         É por essas e muitas outras que eu gostaria de estar neste fim de semana em Porto Alegre, onde Los Hermanos, que já não estão mais juntos, fazem dois shows especiais, ingressos esgotados, comemorativos aos 15 anos de carreira. Mas eu não estarei lá, junto aos verdadeiros vencedores.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Enem já tem data: será dias 03 e 04 de novembro


       Quem está com planos de frequentar o ensino superior no próximo ano deve ficar de olhos nas oportunidades que o Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, pode propiciar.
       As inscrições para as provas de 2012 devem começar no final deste mês de maio ou início de junho. Mas quem deseja se antecipar, pode organizar a sua documentação para facilitar o processo quando o prazo abrir. São exigidos os números do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e do Registro Geral (RG), nome completo, data de nascimento, endereço e Código de Endereçamento Postal (CEP).
        As ações oficiais que envolvem a organização do ENEM são de responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (INEP), órgão que pertence ao Governo Federal e que possui uma ligação com o Ministério da Educação (MEC).
        As provas do Enem 2012 serão realizadas nos dias 03 e 04 do mês de novembro. E expectativa de que ocorressem duas provas neste ano, uma em abril e a outra em outubro, foi cancelada pelo MEC. Apenas a edição do segundo semestre do ano será mantida. A previsão é de que a partir de 2013 aconteçam duas edições anuais do ENEM.
        O site oficial do Enem 2012 está vinculado ao INEP. Ele fica disponível durante todos os meses do ano. Quando estamos fora do período de inscrições, o endereço disponibiliza o gabarito e as provas da última edição do Exame Nacional do Ensino Médio. Para acessar o portal você deve clicar no seguinte link http://www.enem.inep.gov.br/.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Afinal, como funcionam os filmes em 3D?

Quem tem o hábito de frequentar as locadoras, na sessão de lançamentos, inevitavelmente se depara com vários títulos em 3D. Quem já aderiu à tecnologia, que começou a ganhar destaque a partir do lançamento do filme Avatar (2009), de James Cameron, encara com naturalidade e, dificilmente, vai optar pela versão normal em blu-ray. Porém, para a maioria dos amantes da sétima arte, os diferenciais da nova tecnologia ainda são desconhecidos.
Primeiramente, vamos entender um pouco mais como tudo isso funciona. Depois, poderemos avaliar se já vale a pena investir uma bela grana para apreciar as imagens em três dimensões.
Tudo começa com a compreensão da estrutura funcional do nosso sistema de visão e as chamadas ilusões de ótica. Como diziam os filósofos pré-socráticos: os nossos sentidos nos enganam. Essa “filosofia” vem sendo bastante explorada pela indústria do entretenimento. Tudo graças à forma como o nosso cérebro cria a noção de profundidade.
Para enxergarmos precisamos, inicialmente, de uma fonte de luz – primária, se a fonte emite luz, ou secundária, se reflete. Quando essa luz chega até nossos olhos, células fotossensíveis reagem gerando energia elétrica que corre pelos nervos óticos até o córtex visual – parte do cérebro responsável pela visão. Cada olho envia informações visuais para um hemisfério do cérebro – olho direito para o hemisfério esquerdo, olho esquerdo para o hemisfério direito. Observe a figura ao lado ou faça você mesmo o teste alternando a visão entre um olho e outro e perceba que, obviamente, essas informações visuais são um pouco diferentes: quanto mais perto um objeto está de nós, maior será a diferença entre as imagens percebidas pelos nossos olhos.

Essa diferença entre as duas imagens é o que, justamente, cria a percepção de profundidade entre os objetos à nossa frente. O cérebro avalia o conjunto de informações de cada imagem e interpreta os vários planos (distância entre o observador e os objetos existentes na imagem). O resultado final é a visão tridimensional.
O desafio da indústria do cinema foi encontrar como enviar para o cérebro em uma mesma projeção duas imagens diferentes. Como fazer cada olho receber uma imagem diferente de uma superfície completamente plana (tela do cinema, da TV). 
O primeiro recurso, ainda utilizado em alguns aparelhos, como notebooks e videogames, foi a criação de um óculos com filtros coloridos nas lentes: um filtro vermelho, normalmente no olho esquerdo, e um azul, normalmente no olho direito – esses óculos 3D  são chamados de passivos. Para funcionar, a imagem projetada deve ser formada por dois ângulos levemente diferentes, cada um rigorosamente com um filtro da cor correspondente ao olho que deve atingir – uma imagem em vermelho e a outra em azul, sobrepostas, como na imagem ao lado. O maior problema dessa tecnologia, além do cansaço visual, é a distorção das cores originais da imagem e também a perda da luminosidade das cenas.
As novas tecnologias 3D, que encontramos nas locadoras e nos cinemas digitais, obedecem ao mesmo princípio do nosso sistema visual, mas superam os problemas do velho padrão bicolor.
As imagens, que agora são captadas ao mesmo tempo por duas lentes acopladas em uma câmera especial que seguem a distância natural entre nossos dois olhos, não sofrem perda de qualidade. O uso dos óculos não se prende mais aos filtros coloridos, mas sim a um recurso que sincroniza as imagens projetadas na tela com a ação das lentes – que agora são ativas, pois usam recursos que exigem energia. Os óculos, em um ciclo de 140 alternações por segundo, obstruem – suas lentes funcionam como um obturador - a passagem da imagem para o olho direito quando a imagem na tela deve atingir o olho esquerdo e vice-versa. Isso acontece tão rapidamente que não percebemos essas piscadas, mas sim imagens com cores perfeitas, luminosidades e contrastes impecáveis e em alta definição.
Outra forma de transmitir imagens distintas para ambos os olhos, e esse é um recurso atualmente mais utilizado no cinema, e a geração de imagens com luzes de polaridades diferentes – uma horizontal e uma vertical. O olho humano não percebe a diferença de polaridade. Por isso, não há perda na qualidade da imagem. Novamente o papel dos óculos é filtrar, só que agora a diferente polaridade das luzes da imagem. Assim, cada olho novamente receberá uma imagem levemente diferente gerando a percepção de tridimensionalidade.
O que posso afirmar é que a sensação de realismos em um filme em 3D é algo realmente incrível. A noção dos vários planos, os objetos voando contra o espectador, a dinâmica da ação; tudo fica mais vivo, mais real. Claro que em cinema, a trama sempre será o ponto central. Mas, todo recurso que permite dar mais realismo ao que é visto na tela sempre será muito bem-vindo para acentuar a emoção vivida em cada projeção. 
 
Jeison Costa - Publicitário