Confesso que, apesar de gostar de dirigir, uma
viagem que passa de 2 horas na frente do volante de um carro não é a minha
praia. O pessoal conversando tranquilamente, muitas vezes dormindo, a galera
mais jovem com seus portáteis e a gente ali, atento ao trânsito, responsável
pela segurança de toda turma, encarregado de seguir o trajeto. Sem falar que atributos
naturais se tornam seus inimigos, como o sono, o cansaço; para alguns até a
fome pode atrapalhar.
Foi impossível não pensar nessas questões quando, um
dia desses, li uma matéria que tinha o seguinte título: Veículos sem
motorista serão 75% da frota mundial até 2040. A primeira coisa que fiz foi a
conta para saber que idade terei naquele ano. 63 anos. Hum, beleza... acredito
que tenha paciência para dirigir até lá.
Uma das coisas que mais me chamou a atenção na
matéria, que destaca a previsão dos membros do Instituto de Engenheiros
Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), considerada uma das maiores organizações
profissionais de engenharia do mundo, foi o fato de que essa tecnologia já
existe, em fase de estudo. Segundo Alberto Broggi, membro sênior do IEEE e
professor da Universidade de Parma (Itália), em 2010 um comboio de veículos
autônomos da equipe do Laboratório de Visão Artificial e Sistemas Inteligentes
(VisLab), do qual Broggi faz parte, percorreu 15 mil km, da Itália até a China,
em 100 dias de viagem. A conclusão da equipe que participou do projeto foi de
que a tecnologia de câmeras, radares e lasers, fundamentais para o
funcionamento do sistema, já é suficiente para que veículos sejam capazes de se
locomover com certa segurança sem a necessidade de alguém para conduzi-los.
Claro que, por enquanto, em fase de teste e apenas em algumas situações de
menor risco.
Vale lembrar que a Google já possui um veículo que
circula pelas ruas dos Estados Unidos, também em fase de teste. O veículo já
recebeu até placa (infinito 001) do estado de Nevada e o nome de “Self-Driving
Car”.
Apenas por curiosidade, pesquisei como este veículo
funciona e como (é impossível não se preocupar com isso) lida com situações
inesperadas, principalmente envolvendo pessoas e animais em seu caminho. Entre
lasers, sensores de movimento e múltiplas câmeras, que criam a representação
gráfica em 3 dimensões da realidade entorno do carro, um computador de última
geração interpreta os dados (em torno de 1 gigabyte por segundo) e, então,
navega por essa realidade computacional. Ou seja, para o computador o carro se
movimenta dentro dessa realidade virtual, apesar das informações gerarem
impulsos mecânicos que realmente movimentam fisicamente o veículo.
O Brasil também está investindo nessa tecnologia.
Com projetos muito parecidos com o da Google, Minas Gerais e São Paulo estão
desenvolvendo o CADU (que segundo os donos do projeto quer dizer “Carro
Autônomo Desenvolvido”) e o CaRINA (Carro Inteligente para Navegação Autônoma).
Ambos estão fazendo grandes progressos e são promessas para o mercado nacional
de veículos autônomos que, provavelmente, será realidade em um futuro próximo.
Enquanto essa possibilidade para nós motoristas
é apenas um “sonho virtual” um tanto distante, aguardamos pacienciosamente e
conscientes de que trânsito não e brincadeira e que estar atento às suas leis
amplia o sentido de estar vivo.
Abraço e até a próxima.
Jeison Costa - Publicitário
jertel@unicruz.edu.br