Imagina
uma banda talentosa, inovadora... mas tímida. Sim, tímida. A ponto de
não conseguir encarar o público. A solução era baixar a cabeça e tocar
olhando para os sapatos. Daí surgiu o termo Shoegaze e um dos mais incríveis espetáculos sonoros originados no final dos anos 80.
Há divergências quanto à veracidade da história, mas o Shoegaze
realmente existe e carrega características fortes: guitarras
distorcidas, vocal etéreo (quase ausente) e barulho. Muito barulho.
Audição difícil para quem não é familiarizado com nuances como o noise e
o rock progressivo.
Acredito
que o principal expoente do gênero seja o My Bloody Valentine, grupo
irlandês que experimentou bastante antes de lançar o genial Loveless,
disco histórico. Os 46 minutos de loops e psicodelia se tornam um
verdadeiro teste para os ouvidos. Desde 1991, o MBV não lançava
inéditas, embora eles tenham passado por um hiato entre 1997 e 2007.
Volta aos palcos, nova demora para novas produções: somente em janeiro
de 2013 os rumores foram confirmados com o m b v, sucessor da relíquia
Loveless. Alegria geral da nação shoegazer, que esperou 22 anos por este momento.
Loveless (1991)
m b v (2013)
Outras
bandas surgiram neste meio tempo com propostas semelhantes: Swirlies,
Deerhunter, The Pains of Being Pure At Heart (que nomezinho, hein?!) são
bons exemplos. Mas o flerte não chega perto dos moleques, hoje
veteranos, que precisavam fixar os olhares nos pés para se sentir à
vontade com os instrumentos.
Abraço!
Lucas Padilha – Jornalista
@umtaldeLucas