Esporte para todo{a[ø(@)]}s
O
futebol, esporte mais popular do mundo, é taxado por muitos como uma
prática agressiva, violenta e para os fortes. “Não quer contato vai
jogar tênis” é um dos principais argumentos de quem simpatiza com o
estilo brucutu. Outros vão além e usam-no como prova de sexualidade: “Se
não gosta de futebol, não é homem de verdade”. Testosterona a parte,
são insultos que sempre fizeram parte das torcidas, das trocas de
acusações e das provocações entre rivais. Talvez a Marta, maior
futebolista brasileira de todos os tempos, tenha sido responsável por
quebrar um tabu nacional para que as mulheres tenham a oportunidade de
atuar como atletas em competições oficiais, por mais que o amadorismo
ainda seja predominante na América. Além deste, outra marca precisa ser
superada: que não há espaço para homossexuais no esporte. E alguns
indicativos mostram que a revolução da diversidade nas arquibancadas
parece ter, enfim, começado.
Recentemente,
torcidas LGBTs foram criadas nas redes sociais. Começou com a Galo
Queer, do Atlético Mineiro. Queer é um adjetivo em inglês usando
pejorativamente para se referir aos gays. Uma pitada de ironia caiu bem
na ocasião, bem como nas postagens que defendem a inclusão de
homossexuais no esporte e, ao mesmo tempo, trazem notícias da equipe
para os seguidores. Eu gosto do sarcasmo como combate às resistências. A
moda pegou e hoje tempos a Bambi Tricolor (São Paulo), Palmeiras Livre,
Cruzeiro Maria e por aí vai. Fora do Brasil, o clube alemão St. Pauli,
que já mencionei aqui no Planeta Bola, é famoso por ter um espaço nas
arquibancadas destinado para públicos alternativos – onde roqueiros,
gays, lésbicas e outras minorias se reúnem. Há quem aposte que a
multinacional Nike está procurando um atleta que se declare homossexual
para patrocinar. A aposta é grande na quebra das barreiras que separam a
liberdade pessoal e os preconceitos sociais.
Um case é o velocista Oscar Pistorius, que possui as duas pernas
amputadas e, com ajuda de próteses adaptadas para o atletismo, disputa
competições olímpicas sem nenhum problema. Uma pena que o sul-africano
teve sua história mancada pela suposta participação no assassinato de
sua namorada... mas fica o lado bom do exemplo: a superação no esporte.
Vitórias como estas me fazem acreditar na salvação da humanidade.
Lucas Padilha - Jornalista
@umtaldeLucas