segunda-feira, 7 de maio de 2012

Afinal, como funcionam os filmes em 3D?

Quem tem o hábito de frequentar as locadoras, na sessão de lançamentos, inevitavelmente se depara com vários títulos em 3D. Quem já aderiu à tecnologia, que começou a ganhar destaque a partir do lançamento do filme Avatar (2009), de James Cameron, encara com naturalidade e, dificilmente, vai optar pela versão normal em blu-ray. Porém, para a maioria dos amantes da sétima arte, os diferenciais da nova tecnologia ainda são desconhecidos.
Primeiramente, vamos entender um pouco mais como tudo isso funciona. Depois, poderemos avaliar se já vale a pena investir uma bela grana para apreciar as imagens em três dimensões.
Tudo começa com a compreensão da estrutura funcional do nosso sistema de visão e as chamadas ilusões de ótica. Como diziam os filósofos pré-socráticos: os nossos sentidos nos enganam. Essa “filosofia” vem sendo bastante explorada pela indústria do entretenimento. Tudo graças à forma como o nosso cérebro cria a noção de profundidade.
Para enxergarmos precisamos, inicialmente, de uma fonte de luz – primária, se a fonte emite luz, ou secundária, se reflete. Quando essa luz chega até nossos olhos, células fotossensíveis reagem gerando energia elétrica que corre pelos nervos óticos até o córtex visual – parte do cérebro responsável pela visão. Cada olho envia informações visuais para um hemisfério do cérebro – olho direito para o hemisfério esquerdo, olho esquerdo para o hemisfério direito. Observe a figura ao lado ou faça você mesmo o teste alternando a visão entre um olho e outro e perceba que, obviamente, essas informações visuais são um pouco diferentes: quanto mais perto um objeto está de nós, maior será a diferença entre as imagens percebidas pelos nossos olhos.

Essa diferença entre as duas imagens é o que, justamente, cria a percepção de profundidade entre os objetos à nossa frente. O cérebro avalia o conjunto de informações de cada imagem e interpreta os vários planos (distância entre o observador e os objetos existentes na imagem). O resultado final é a visão tridimensional.
O desafio da indústria do cinema foi encontrar como enviar para o cérebro em uma mesma projeção duas imagens diferentes. Como fazer cada olho receber uma imagem diferente de uma superfície completamente plana (tela do cinema, da TV). 
O primeiro recurso, ainda utilizado em alguns aparelhos, como notebooks e videogames, foi a criação de um óculos com filtros coloridos nas lentes: um filtro vermelho, normalmente no olho esquerdo, e um azul, normalmente no olho direito – esses óculos 3D  são chamados de passivos. Para funcionar, a imagem projetada deve ser formada por dois ângulos levemente diferentes, cada um rigorosamente com um filtro da cor correspondente ao olho que deve atingir – uma imagem em vermelho e a outra em azul, sobrepostas, como na imagem ao lado. O maior problema dessa tecnologia, além do cansaço visual, é a distorção das cores originais da imagem e também a perda da luminosidade das cenas.
As novas tecnologias 3D, que encontramos nas locadoras e nos cinemas digitais, obedecem ao mesmo princípio do nosso sistema visual, mas superam os problemas do velho padrão bicolor.
As imagens, que agora são captadas ao mesmo tempo por duas lentes acopladas em uma câmera especial que seguem a distância natural entre nossos dois olhos, não sofrem perda de qualidade. O uso dos óculos não se prende mais aos filtros coloridos, mas sim a um recurso que sincroniza as imagens projetadas na tela com a ação das lentes – que agora são ativas, pois usam recursos que exigem energia. Os óculos, em um ciclo de 140 alternações por segundo, obstruem – suas lentes funcionam como um obturador - a passagem da imagem para o olho direito quando a imagem na tela deve atingir o olho esquerdo e vice-versa. Isso acontece tão rapidamente que não percebemos essas piscadas, mas sim imagens com cores perfeitas, luminosidades e contrastes impecáveis e em alta definição.
Outra forma de transmitir imagens distintas para ambos os olhos, e esse é um recurso atualmente mais utilizado no cinema, e a geração de imagens com luzes de polaridades diferentes – uma horizontal e uma vertical. O olho humano não percebe a diferença de polaridade. Por isso, não há perda na qualidade da imagem. Novamente o papel dos óculos é filtrar, só que agora a diferente polaridade das luzes da imagem. Assim, cada olho novamente receberá uma imagem levemente diferente gerando a percepção de tridimensionalidade.
O que posso afirmar é que a sensação de realismos em um filme em 3D é algo realmente incrível. A noção dos vários planos, os objetos voando contra o espectador, a dinâmica da ação; tudo fica mais vivo, mais real. Claro que em cinema, a trama sempre será o ponto central. Mas, todo recurso que permite dar mais realismo ao que é visto na tela sempre será muito bem-vindo para acentuar a emoção vivida em cada projeção. 
 
Jeison Costa - Publicitário