sexta-feira, 4 de maio de 2012

Olá pessoal!

Hoje nosso papo cinema traz um assunto sobre o qual vale a pena pensar um pouco...

Já cantava Renato Russo que a “humanidade é desumana.” Essa afirmação da música está presente na obra “Ensaio sobre a Cegueira” de José Saramago, que traz os piores resultados da indiferença humana, metaforizada por meio de uma epidemia de cegueira branca.

Em termos gerais, a intertextualidade de Saramago faz um recorte do momento histórico, descrevendo um ser humano totalmente perdido no seu espaço, deixando transparecer toda a incompletude de sua existência, toda a sua insegurança que se traduz em atos bárbaros.
Segundo o próprio autor, em depoimento, o livro leva ao sofrimento justamente para que as pessoas entendam o quanto precisam reconhecer a necessidade de mudança nesses tempos sombrios da indiferença.

Fernando Meireles tornou isso visível na versão para o cinema. Fazendo um breve resumo dos acontecimentos, tudo começa quando um homem cega, repentinamente, no semáforo. Essa primeira vítima é levada ao consultório e, surpreendentemente, todos que ali estavam também ficam cegos, inclusive o médico. A mulher do médico, a única que não havia cegado, resolve acompanhá-lo para o local da “quarentena” e, depois da chegada deles, inúmeros cegos, e pessoas com as quais tiveram contato, são enviadas para lá: um antigo manicômio, que estava desativado.

Nesse lugar, as personagens, que não são identificadas por nome e sim pela profissão ou características físicas e de parentesco, começam a conviver com duras realidades no processo de descoberta do outro e no reconhecimento dos seus próprios interiores. No final do filme, assim como na obra, chegam à conclusão de que não cegaram, mas de que já estavam cegos (1995, p. 310): “Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem.”

Os efeitos de sentido da cegueira são múltiplos e revelam os “vampirismos” humanos: exploração em todos os sentidos, renúncia dos princípios de humanidade em nome de interesses pessoais, abuso de autoridade, insanidade gerada pelo medo e insegurança, total falta de respeito à condição humana e negação total dos direitos humanos.

Após ler a obra, ou vê-la materializada na telinha, várias reflexões vêm à tona: por que enxergamos as coisas, mas não reparamos nelas? Será que estamos cegos pelo medo ou é mais fácil deixar pra lá?

Tire suas próprias conclusões e depois responda para si mesmo: afinal, vampiros existem?

Grande abraço

Mariana de Oliveira Wayhs – Publicitária