terça-feira, 29 de maio de 2012

Do trauma ao triunfo: o caso da seleção da Zâmbia


Libreville, 28 de abril de 1993.

A aeronave De Havilland DHC-5, que transportava a seleção da Zâmbia que jogaria uma partida válida pelas eliminatórias da Copa do Mundo do ano seguinte, explode enquanto sobrevoava o litoral da capital do Gabão. Entre jogadores, dirigentes e militares, o incidente resultou em 26 mortes, tornando-se um dos episódios mais trágicos do futebol mundial. Restaram lágrimas e memórias às vítimas que, há quem aposte, seria uma das surpresas para o torneio a ser disputado nos EUA.



Libreville, 09 de fevereiro de 2012.

A seleção da Zâmbia desembarca para disputar no sábado (12) a final da Copa Africana de Nações contra a poderosa Costa do Marfim. Até então, todos os confrontos haviam sido em outras cidades. A delegação, acompanhada pelo ex-jogador Kalusha Bwalya, que pertenceu à geração de 93 mas havia embarcado em outro voo, levaram flores à praia onde ocorreu o acidente e prometeram dedicar todos os esforços aos antecessores da seleção.

De um lado, a grande favorita com estrelas internacionais como Didier Drogba, Yaya Touré, Gervinho e Kalou. Do outro, uma equipe que passara por uma reformulação e enfrentava, além dos marfinenses, o trauma de 19 anos atrás. Afinal, o cenário da decisão era o mesmo da tragédia e a atmosfera psicológica não era das melhores. Contradizendo todas as previsões, a Zâmbia surpreendeu o mundo levando a partida para os pênaltis e conquistando o título continental em um emocionante 8 a 7.

A vitória representa mais do que o maior triunfo da Zâmbia (que até então era uma goleada por 4 a 0 sobre a Itália de Roberto Baggio nas Olimpíadas de Seul, em 1988), mas um tributo póstumo às almas que ali jaziam no desastre aéreo de 1993. O futebol não é apenas “vinte e dois jogadores correndo atrás de uma bola”. É formador de caráter, de dignidade e de histórias magníficas como esta.

Fotos: AFP, ESPN.com e Globo.com


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Lucas Padilha - Jornalista