quinta-feira, 25 de julho de 2013

Futebol ao Sol e à Sombra: uma metáfora da vida



Futebol é o esporte mundial. Sim, não podemos negar que futebol é relevante em (quase) todas as partes do globo terrestre. Nos lugares mais remotos, encontramos crianças correndo atrás da bola: nas favelas brasileiras, em regiões áridas da África e até mesmo na zona de guerra na Faixa de Gaza.  Um esporte que há mais de 150 anos desperta fascínio e paixão inexplicáveis. O futebol nasceu para ser um esporte global, pois em campo jogadores de diferentes origens falam uma só linguagem: a linguagem da bola.
Mas no século XXI o jogo é o que menos importa no espetáculo futebolístico. Futebol virou sinônimo de negócios que movimentam bilhões no mundo todo. “A história do futebol é uma jornada que vai do prazer ao dever”, define o escritor uruguaio Eduardo Galeano, autor do livro Futebol ao Sol e à Sombra. Escritor de clássicos da literatura latino-americana, como O Livro dos Abraços e o histórico-político As Veias Abertas da América Latina, Galeano resgata e reflete sobre o sentimento que envolve o futebol entre os povos.
A cada texto, Eduardo Galeano traz uma visão intimista sobre o mundo do esporte bretão: a figura do craque, a paixão do torcedor, os heróis e os vilões: cada pequena história é usada para revelar os inúmeros teatros dentro do “Grande Teatro”, que acontece nos limites do “retângulo da grama verde”. A principal característica de Galeano é o olhar social que impõe em suas obras. Em Futebol ao Sol e à Sombra não é diferente: por trás de grandes jogadores há um drama humano (o texto sobre Garrincha, por exemplo, é tocante), e ao redor de partidas históricas há um contexto social, político e econômico.
Futebol ao Sol e à Sombra não é uma leitura exclusiva para os aficionados por futebol. O livro oferece a todos uma oportunidade para refletir sobre os rumos da civilização ocidental. A história de cada Copa do Mundo serve de pano de fundo para revelar injustiças sociais, opressão e jogos políticos que não estão registrados na história oficial. Ao mesmo tempo, o contexto social é pano de fundo para apresentar uma visão humana e poética sobre as Copas.
O grande teatro do futebol é alimentado por uma paixão  que não precisa ser explicada, pois, já diria um grande filósofo (Kierkegaard), que sentimentos não precisam de porquês. Futebol ao Sol e à Sombra revela que o fascínio da humanidade pelo épico continua vivo e faz do futebol uma metáfora da vida.
Davi S. Pereira
Acadêmico de Jornalismo-Universidade de Cruz Alta