segunda-feira, 27 de junho de 2011


O Shrek mudou a cara do príncipe e da princesa

Olá pessoal! Vamos novamente falar de cinema? Vocês já pensaram em como o desenho animado Shrek mudou os padrões de mocinho e bandido, bonito e feio? O conto de fadas, lançado em 2001, rompeu com a nossa ideia de príncipe e de princesa, modificando tanto a estética quanto o comportamento desses protagonistas.

Para trocarmos mais ideias sobre isso, é importante lembrar da fórmula geral desse tipo de conto: encanto, magia, animais que falam, paisagens belas, castelos, acontecimentos maravilhosos repletos de obstáculos e atos de heroísmo que acabam em um final feliz para sempre. O triunfo do bem contra o mal, o amor sofrido da princesa linda, magra e exuberante que espera que, um dia, o seu príncipe belo, educado, encorpado, de olhos azuis apareça com um imponente cavalo branco, sua espada em punho e sua coragem inabalável para salvá-la de um ser malvado, quebrar um feitiço e acordá-la com um beijo de arrancar suspiros. Tudo isso, é claro, acontece com a ajuda de uma fada madrinha e/ou com o feitiço de uma bruxa cruel. Eis o conto de fadas, um misto de conto popular e de fábula, de origem celta, que tem características predominantes: independente da presença de fadas, sempre apresentam encantamento e magia e os obstáculos enfrentados pelo herói e heroína são voltados para busca da realização pessoal. Além disso, é importante salientar que a estética da princesa e do príncipe e, também, do cenário onde o conto se desenvolve, segue um padrão de beleza plena, voltado para a perfeição, especialmente no momento final onde, enfim, a paz e a alegria se instauram para sempre proporcionando o ambiente perfeito, um belo castelo, onde o casal poderá viver um amor sem fim, sem problemas, uma eternidade de pura felicidade. A integridade da personalidade do príncipe e da princesa, a educação exemplar e a bondade, também são características percebidas nos contos de fadas.

Todo esse glamour, beleza e padrão estético é modificado com o lançamento de um conto de fadas às avesas, o famoso ogro “Shrek”, baseado em um livro de William Steig (1990). Distribuído para o público em 2001 pelo estúdio Dream Works, o filme traz a inusitada história na qual o ogro, que sempre foi o vilão cruel das tramas, um monstro terrível, ameaçador, que se alimentava de carne humana, assumiu nesse novo enredo o papel de herói, determinado a fazer o bem, mesmo que de forma tosca e com seu jeito bruto. Outro aspecto impressionante do conto é o fato da princesa também virar ogro, assumindo uma forma diferente de representar a “mocinha” da história. Fiona, além de deixar de ser a princesa perfeita exteriormente, revela um comportamento nada exemplar em termos de contos maravilhosos, uma personalidade completamente distinta das princesas comuns.

Bastante curioso em tudo isso, é que o filme foi lançado em um tempo onde padrões estéticos são definidos pela mídia, valorizando a beleza, a perfeição física, cultura que acaba excluindo aqueles que não se enquadram no perfil. A estética, nesse aspecto, tornou-se a porta de entrada para a aceitação social no século XXI, o transporte mais rápido para o prestígio e reconhecimento.

Em relação ao seu contexto, o filme Shrek veio ao mundo em um momento onde várias pessoas se identificam com o ogro e também querem ter um lugar ao sol, idenpente da estética. Essas pessoas estão cansadas da ditadura do corpo escultural e do rosto perfeito. Elas também querem ser reconhecidas, amadas e respeitadas mesmo não estando totalmente nesse enquadramento. Também desejam virar princípes e econtrar princesas que percebam que o interior é mais importante que o externo e que tanta beleza um dia chega ao fim.

Além disso, outro aspecto valorizado nesse século é o status, a posição social, o dinheiro. A realização pessoal está relacionada ao poder de consumo, ao luxo. O sentido de príncipe e princesa está relacionado com o sentido de riqueza. Isso excluí e incomoda a grande massa da populção que não tem acesso e que acaba se identificando com a vida simples de Shrek e Fiona em um pântano que, para eles, é o lugar onde a felicidade é possível, longe da riqueza do reino de Tão Tão Distante.

Essa inversão nos sentidos de ogro e príncipe parece ser uma crítica ao padrão estético do nosso século. De qualquer forma, vamos pensar além do padrão pessoal! Cada pessoa tem seus pontos fortes e fracos, seus defeitos ou qualidades. Vamos valorizar o que tem de positivo em cada um! Todos somos diferentes e o grande barato está nisso. Shrek prova isso, não é? Afinal, as pessoas são muito mais do que os nossos olhos podem ver!

Pensem nisso!‼

Até a próxima!

Abraço

Mariana de Oliveira Wayhs
Publicitária
Núcleo Integrado de Comunicação
UNICRUZ
mawayhs@unicruz.edu.br