Quem somos? O que queremos? De que forma buscamos realizar nossos sonhos? Esses sonhos são nossos ou os alimentamos pensando que alguém ficará feliz se o alcançarmos? Quando buscamos algo que desejamos conquistar, é algo que realmente precisamos ou passamos a pensar que precisamos?
Pois é pessoal, essas são respostas difíceis de achar. Na vida, encontramos várias pessoas pelo caminho, sem contar as diversas situações que vivenciamos. E somos um pouco de tudo isso, quer dizer, vamos construindo nosso pensamento sobre as coisas pegando um pouquinho de cada momento de convivência com nossos amigos, familiares, colegas e somamos com nossas experiências. Por isso, muitas vezes, fica complicado saber se aquilo que queremos é realmente algo que pode realizar nossos sonhos mesmo ou se vamos, simplesmente, fazer algo esperando agradar alguém.
Vamos transportar esse papo para o cinema, pegando como exemplo o filme super badalado “Cisne Negro”, no qual Nina (Natalie Portman), a primeira bailarina de uma companhia, tenta superar seus limites para conseguir representar o Cisne Negro. Devido a vários problemas interiores ocasionados pela grande expectativa da mãe em relação a sua carreira, Nina sente-se confusa entre os próprios ideais e os projetados pela mãe, vivenciando conflitos na busca de seus desejos e de sua identidade.
Na oportunidade de ser a estrela principal do Lago dos Cisnes, surge um conflito existencial, pois a mesma bailarina deve ser o Cisne Branco e o Cisne Negro, em toda sua complexidade, mostrando os tumultos vividos pelo ser humano. A encenação mostra a luta interna entre a razão e a emoção, o cisne branco em sua ingenuidade e fragilidade; já o cisne negro esbanjando sensualidade e perversidade. A velha metáfora do anjinho e do diabinho, o id* brincando com nossas vontades e o superego** impondo suas regras (pra não deixar de falar em termos técnicos, risos).
E é assim que vamos nos conhecendo, vencendo nossos fantasmas, crescendo e amadurecendo. Uma das principais mensagens quem o filme transmite é que devemos ser persistentes em nossas convicções, pois os desafios são maravilhosos quando acompanhados por um intenso desejo de realizar. Mas a pressão, tanto imposta pelos outros como por nós mesmos pode tornar a realização de um sonho um caminho cheio de sofrimento. Lutar arduamente não quer dizer ser inflexível. Negociando com nossas expectativas encontramos nossa essência e tiramos um aprendizado com tudo que a vida pode nos oferecer. Nesse sentido o filme ilustra bem quando uma pessoa, por negar sua família e a convivência dos amigos, acaba tendo um final trágico, que pode ser diferente quando buscamos o diálogo com nossa família, expondo nossas idéias e sonhos. Usando argumentos certos, sendo sinceros e mostrando empenho seremos respeitados por nossas opiniões e reconhecidos por nossos sucessos.
*id: instância psíquica relacionada aos instintos e impulsos. Regido pelo material que fica no nosso inconsciente.
**superego: instância psíquica relacionada à moral, valores sociais e limites, herdados principalmente dos pais. É o que nos dá o senso do que é certo e do que é errado.
Adriana Medeiros e Mariana Wayhs