No Brasil, estamos habituados a assistir grandes clássicos estaduais. Grêmio x Internacional, Cruzeiro x Atlético Mineiro e Corinthians x Palmeiras são três dos principais dérbis nacionais. É comum também mundo afora rivalidades envolvendo clubes da mesma cidade ou região: são os casos de Boca Jrs. x River Plate, Manchester Utd. x Manchester City e Milan x Internazionale. Na Escócia, nação pertencente ao Reino Unido, um duelo chama a atenção principalmente pelas circunstâncias que iniciam fora das quatro linhas. Celtic FC e Rangers FC são clubes de Glasgow, maior e mais populosa cidade do país.
Ambos foram fundados no Século XIX e dividem o coração dos escoceses em aspectos territoriais, religiosos e políticos. Enquanto os Hoops (apelido do Celtic devido ao uniforme listrado) possuem a simpatia dos católicos e dos imigrantes irlandeses, os Huns (como são chamados os jogadores dos Rangers) são os favoritos dos protestantes e adeptos da Rainha Elizabeth II, por exemplo. As ideologias chegam a interferir na contratação de jogadores. Desde 1888, ano de fundação do Celtic, as duas equipes transformam o embate em um verdadeiro conflito social. Fazer o sinal da cruz chegou a resultar em multa por ser considerado gesto de provocação. Ingredientes que transformaram o Old Firm no maior clássico do mundo.

Apesar da Escócia estar longe de ser uma potência no futebol, a semana do clássico vira uma guerra: a terra do kilt e da gaita de fole ganha uma atmosfera tensa e que ultrapassa os níveis saudáveis de torcida. O policiamento é reforçado nas ruas e há regiões que, por prevenção, chegam a proibir o porte de bandeiras ou acessórios no vestuário que façam referências a algum clube. Afinal, Celtic e Rangers monopolizam há algum (MUITO) tempo a Scottish Premier League e inclusive cogitam disputar a Liga Inglesa, seguindo o exemplo do Swansea City AFC, equipe do País de Gales.

Até a próxima, pessoal!
Lucas Padilha - Jornalista